Neste
texto vou-me centrar no “coiso”. Sabe a que me refiro? Normalmente o “coiso” é
mais conhecido por desemprego, o qual é para mim um dos maiores flagelos de
Portugal para ser tratado levianamente, como o foi, por “coiso”. Como se já não
bastasse a demagogia que gravita sempre em redor desta matéria. O desemprego é
algo de que muitos políticos falam mas na realidade pouco valor lhe parecem
dar. Ao contrário da maioria dos Portugueses pois acredito que os que actualmente (ainda)
trabalham já tenham uma pequena noção do que é o drama do desemprego. Se não é
na família, é nos amigos ou conhecidos. É impossível que nas circunstâncias
actuais não haja ninguém que não conheça, pelo menos, uma pessoa desempregada.
Seria
interessante que as estatísticas do INE sobre o desemprego fossem confrontadas
com os dados recolhidos pelo último Censos. Oficialmente a
taxa está já nos 15% o que perfaz cerca de 830.000 pessoas sem emprego. Se a
estes somarmos os cerca de 200.000 que estão disponíveis mas fora da
estatística porque provavelmente já se aperceberam da ineficácia dos Centros de Emprego, bem como os cerca de
170.000 que deverão emigrar este ano, então teremos, grosso modo, 1.200.000
desempregados! Isto significa uma taxa real na ordem dos 22%! Ainda se poderia
somar todos os que por estarem em “formação” se encontram de momento fora dos
números oficiais aos quais se irão juntar, a bem das estatísticas, os do
programa Impulso Jovem. Sobre este falarei um pouco mais adiante.
Seja
qual for a taxa de desemprego o que está aqui em causa é a dignidade dessas
pessoas. Quando não se tem uma fonte de rendimento a ponto de se ter autonomia
financeira é o orgulho e o sentimento de impotência que estão em causa. Mas há
que separar as “águas” porque apesar do desemprego jovem rondar os
36% não é com estes que estou mais preocupado. Os políticos naturalmente falam
muito no desemprego entre os jovens como forma de tentarem capitalizar esses
votos. A demagogia e o populismo assim o determinam. Já aqui mencionei o
programa Impulso Jovem. Muitos dos jovens de hoje estão “acomodados” em
casa dos pais porque aí não lhes falta nada, nem mesmo a “subvenção” para as
noitadas e similares. Nunca os festivais de Verão tiveram tanto sucesso como
agora. Claro que a taxa de desemprego jovem é preocupante. Mas a meu ver ela
está, apesar de oficial, um pouco “empolada”. Por isso seria também
interessante saber quantos desses jovens desempregados estão a receber RSI para se perceber o alcance desse
empolamento. Os jovens apesar de tudo têm a vantagem de serem… jovens. Têm o
tempo que os menos jovens já não têm. Têm um mundo de oportunidades fora do
país e sobretudo não têm as “amarras” que os menos jovens têm.
São
de facto os menos jovens que me preocupam, os mais de 440.000 inscritos no IEFP
com idades acima dos 35 anos. Destes, uma grande maioria já se encontra em desemprego
de longa duração, sobretudo na faixa etária entre os 40 e os 55 anos. São pessoas que
estão a experienciar um verdadeiro drama, muitos com família, filhos e dívidas
contraídas e que por esse motivo não têm a mobilidade que os jovens têm. Deles
pouco se fala mas são estes os que deviam ser alvo de programas especiais. E faz-se justamente o contrário. Como se já não
bastasse a sua dificuldade natural em conseguir emprego, o Estado ainda dá
mais uma “machadada” nas suas aspirações com o programa Impulso Jovem. Qualquer
empresário irá preteri-los ao preferir, agora ainda mais, os jovens graças às
benesses que decorrem desse programa. Teria sido melhor o Governo estar "quietinho"
e não interferir. Esse programa é apenas mais um paliativo que no fundo só irá
criar falsas expectativas nos jovens. É um logro porque não resolve os
problemas de fundo da depauperada economia do país. Já se tornou hábito gastar mal o dinheiro público atirando-o para cima dos problemas em vez de os tentar
resolver.
Portugal
ao ter destruido os sectores primário e secundário tornou-se um país de serviços. Um
país que pouco produz e só consome jamais será viável. O que significa que o
desemprego actual já tende a ser estrutural. Mesmo que, por milagre, haja
crescimento económico este pode ocorrer sem que tal signifique a criação
líquida de postos de trabalho. A tecnologia de que toda a gente gosta é, ao
mesmo tempo, inimiga do emprego. Mas mesmo que tal não se verifique, há sempre
uma diferença temporal entre crescimento económico e criação de emprego. Tempo
que os menos jovens infelizmente já não têm. Essas pessoas, muitas delas até
com (verdadeira) formação superior, têm um capital de experiência, maturidade e
sensatez que podia e devia estar ao serviço do país e no entanto…
O
melhor conselho que lhes posso dar é que, apesar da frustração, não baixem os
braços, não desanimem e procurem novas soluções e se estas se encontrarem fora
do país, pois então que seja. Certamente alguém irá reconhecer e valorizar todo
esse “know-how”. Um país que desperdiça o talento dessas pessoas provavelmente
não as merece.
Os parabens pelo seu EXCELENTE blog, pois espelha a verdade do que se está a passar no país.
ResponderEliminarOu Portugal muda de regime politico ou este regime pseudo-democratico irá MATAR Portugal para sempre.
Luis Martins
Parabéns.
ResponderEliminarJá agora, tomei a liberdade de me associar ao seu blog:
https://sites.google.com/site/gilbakkerfonseca/
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