21 de julho de 2012

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Este País não é para Semi-Velhos

Neste texto vou-me centrar no “coiso”. Sabe a que me refiro? Normalmente o “coiso” é mais conhecido por desemprego, o qual é para mim um dos maiores flagelos de Portugal para ser tratado levianamente, como o foi, por “coiso”. Como se já não bastasse a demagogia que gravita sempre em redor desta matéria. O desemprego é algo de que muitos políticos falam mas na realidade pouco valor lhe parecem dar. Ao contrário da maioria dos Portugueses pois acredito que os que actualmente (ainda) trabalham já tenham uma pequena noção do que é o drama do desemprego. Se não é na família, é nos amigos ou conhecidos. É impossível que nas circunstâncias actuais não haja ninguém que não conheça, pelo menos, uma pessoa desempregada. 

 taxa , desemprego em Portugal

Seria interessante que as estatísticas do INE sobre o desemprego fossem confrontadas com os dados recolhidos pelo último Censos. Oficialmente a taxa está já nos 15% o que perfaz cerca de 830.000 pessoas sem emprego. Se a estes somarmos os cerca de 200.000 que estão disponíveis mas fora da estatística porque provavelmente já se aperceberam da ineficácia dos Centros de Emprego, bem como os cerca de 170.000 que deverão emigrar este ano, então teremos, grosso modo, 1.200.000 desempregados! Isto significa uma taxa real na ordem dos 22%! Ainda se poderia somar todos os que por estarem em “formação” se encontram de momento fora dos números oficiais aos quais se irão juntar, a bem das estatísticas, os do programa Impulso Jovem. Sobre este falarei um pouco mais adiante.

Seja qual for a taxa de desemprego o que está aqui em causa é a dignidade dessas pessoas. Quando não se tem uma fonte de rendimento a ponto de se ter autonomia financeira é o orgulho e o sentimento de impotência que estão em causa. Mas há que separar as “águas” porque apesar do desemprego jovem rondar os 36% não é com estes que estou mais preocupado. Os políticos naturalmente falam muito no desemprego entre os jovens como forma de tentarem capitalizar esses votos. A demagogia e o populismo assim o determinam. Já aqui mencionei o programa Impulso Jovem. Muitos dos jovens de hoje estão “acomodados” em casa dos pais porque aí não lhes falta nada, nem mesmo a “subvenção” para as noitadas e similares. Nunca os festivais de Verão tiveram tanto sucesso como agora. Claro que a taxa de desemprego jovem é preocupante. Mas a meu ver ela está, apesar de oficial, um pouco “empolada”. Por isso seria também interessante saber quantos desses jovens desempregados estão a receber RSI para se perceber o alcance desse empolamento. Os jovens apesar de tudo têm a vantagem de serem… jovens. Têm o tempo que os menos jovens já não têm. Têm um mundo de oportunidades fora do país e sobretudo não têm as “amarras” que os menos jovens têm.

São de facto os menos jovens que me preocupam, os mais de 440.000 inscritos no IEFP com idades acima dos 35 anos. Destes, uma grande maioria já se encontra em desemprego de longa duração, sobretudo na faixa etária entre os 40 e os 55 anos. São pessoas que estão a experienciar um verdadeiro drama, muitos com família, filhos e dívidas contraídas e que por esse motivo não têm a mobilidade que os jovens têm. Deles pouco se fala mas são estes os que deviam ser alvo de programas especiais. E faz-se justamente o contrário. Como se já não bastasse a sua dificuldade natural em conseguir emprego, o Estado ainda dá mais uma “machadada” nas suas aspirações com o programa Impulso Jovem. Qualquer empresário irá preteri-los ao preferir, agora ainda mais, os jovens graças às benesses que decorrem desse programa. Teria sido melhor o Governo estar "quietinho" e não interferir. Esse programa é apenas mais um paliativo que no fundo só irá criar falsas expectativas nos jovens. É um logro porque não resolve os problemas de fundo da depauperada economia do país. Já se tornou hábito gastar mal o dinheiro público atirando-o para cima dos problemas em vez de os tentar resolver.

Portugal ao ter destruido os sectores primário e secundário tornou-se um país de serviços. Um país que pouco produz e só consome jamais será viável. O que significa que o desemprego actual já tende a ser estrutural. Mesmo que, por milagre, haja crescimento económico este pode ocorrer sem que tal signifique a criação líquida de postos de trabalho. A tecnologia de que toda a gente gosta é, ao mesmo tempo, inimiga do emprego. Mas mesmo que tal não se verifique, há sempre uma diferença temporal entre crescimento económico e criação de emprego. Tempo que os menos jovens infelizmente já não têm. Essas pessoas, muitas delas até com (verdadeira) formação superior, têm um capital de experiência, maturidade e sensatez que podia e devia estar ao serviço do país e no entanto…

O melhor conselho que lhes posso dar é que, apesar da frustração, não baixem os braços, não desanimem e procurem novas soluções e se estas se encontrarem fora do país, pois então que seja. Certamente alguém irá reconhecer e valorizar todo esse “know-how”. Um país que desperdiça o talento dessas pessoas provavelmente não as merece.

2 comentários:

  1. Os parabens pelo seu EXCELENTE blog, pois espelha a verdade do que se está a passar no país.
    Ou Portugal muda de regime politico ou este regime pseudo-democratico irá MATAR Portugal para sempre.
    Luis Martins

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  2. Parabéns.
    Já agora, tomei a liberdade de me associar ao seu blog:
    https://sites.google.com/site/gilbakkerfonseca/

    https://sites.google.com/site/gilbakkerfonseca/home/artigos-textos-opinioes

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