1 de fevereiro de 2011

0

Portugal, um País à espera do FMI?

Portugal , FMI , estado de negação , políticos , incompetência
Ultimamente não há um único dia em que não se fale do FMI, mais concretamente se vem para Portugal e quando. Importa esclarecer o seguinte: só haverá uma intervenção externa apenas se o Governo de Portugal a solicitar. Mas será mesmo necessária? E porquê? Em que condições? Adiante falarei um pouco mais sobre isso. Importa antes saber porque é que aparentemente os portugueses não conseguem, por si próprios, “tomar conta” de Portugal.


A Terra sempre girou à mesma velocidade, mas o Mundo está a fazê-lo cada vez mais depressa. Todos os avanços tecnológicos, a própria World Wide Web e a globalização fazem com que estejamos cada vez mais ligados. Isso coloca-nos a todos sob uma pressão constante no sentido de acompanharmos toda essa dinâmica. Esse processo aparente de homogeneização do Mundo cria, paradoxal e simultaneamente, problemas aos que não acompanham o ritmo. Esses retardatários começam a perder a sua competitividade justamente porque não se adaptaram rapidamente à nova realidade. E é aqui que, a meu ver, Portugal também falhou.

Essa adaptação implica a elaboração de um diagnóstico profundo e um consequente plano de acções. Este tem de ser devidamente monitorizado para permitir de forma rápida os ajustamentos que eventualmente se tornem necessários. No que toca a diagnósticos sempre fomos bons e o mesmo a traçar as necessárias acções. Onde sempre falhamos rotundamente foi na execução prática das referidas acções. Sempre nos faltou o pragmatismo, para não dizer a coragem, na hora de agir. E porquê? Muitas das razões para isso suceder já foram apontadas em textos anteriores. Estamos aqui a falar da necessidade de se efectuarem reformas estruturais profundas. E de quais? Em que sectores e áreas? Tudo isso está devidamente identificado e apontado como a origem do nosso “retardamento”. As reformas mais importantes são justamente aquelas onde não mexemos. E são estas que condicionam a execução das restantes. O nosso “retardamento” até foi atenuado nos últimos anos. O problema é que o foi “virtualmente” à custa de um excessivo endividamento externo. E por isso é que chegamos a este ponto quase sem retorno.

É esta nossa incapacidade para agir a não ser a “reboque” das ocorrências que faz com que os nossos “queridos” credores desconfiem de nós. Essa desconfiança está-se a reflectir em maiores prémios de risco através dos juros crescentes da dívida soberana. Então porque é que perante esta situação fazemos de conta que agimos quando na realidade continuamos a não agir?

A falta de credibilidade da classe política deriva da forma como está organizado o sistema político. Este também precisa de ser reformado. Os partidos, em especial os do arco governativo, continuam a não pensar no interesse geral, mas apenas nas respectivas agendas. Por isso nunca encetam quaisquer reformas estruturais porque os ciclos eleitorais são curtos e aí perderiam votos e consequentemente, influência e poder. Todos nós já ouvimos falar em Eleitoralismo. Como se isso não bastasse, os partidos também estão completamente "manietados" pelas respectivas clientelas, as internas e as externas. Para eles, uma intervenção externa até seria uma forma de se "ilibarem" perante os eleitores das suas responsabilidades presentes e passadas.

Voltando à questão do FMI. Há quem defenda a sua vinda e o seu contrário. Ambas as situações têm vantagens e desvantagens. Tudo depende de como vão correr as próximas emissões de dívida. Se Portugal porventura não tiver sucesso nessa colocação durante este 1º semestre e/ou os juros a pagar forem novamente altos, o recurso ao Fundo de Estabilização Financeira da União Europeia será inevitável. E aí virá então o FMI. Teremos a vantagem de garantir o nosso financiamento a médio prazo e a um juro ligeiramente mais baixo que o actual. Também deverão ser finalmente efectuadas as tais necessárias reformas, embora acompanhadas de mais austeridade.

Pessoalmente lamento se tal vier a acontecer. Portugal será visto aos olhos do Mundo como um país insolvente, incapaz de resolver sozinho os seus problemas. Será uma grande humilhação não só para a classe política mas para todo o Povo Português que sempre se orgulhou do seu país e da sua História.

0 comentários:

Enviar um comentário

▲ Topo