Nunca como agora se falou tanto em crise como se alguma vez o País a tivesse erradicado. É certo que a actividade económica está cada vez mais globalizada e como tal qualquer perturbação que esta sofra numa determinada região acaba por contagiar o resto do mundo e Portugal não é excepção.
Em 2008 teve início uma crise financeira com origem no problema norte-americano do “sub-prime” que rapidamente se estendeu a todo o sistema financeiro mundial. Este foi contaminado pela “toxicidade” desses activos sobreavaliados. A especulação imobiliária e financeira e a valorização de fundos de investimento através de esquemas Ponzi contribuíram em muito para essa situação. Qualquer crise financeira conduz forçosamente a uma crise económica e esta por sua vez a uma crise social. Quando existe estagnação ou recessão não é possível continuar a responder com prontidão a todas as carências sociais. E isso conduz à desagregação social de um País. Por isso 2011 será um teste à paciência e compreensão de muitos, em especial dos portugueses. Mas é sabido que da adversidade nasce muitas vezes o engenho. Kennedy uma vez afirmou: “Não perguntem o que o País pode fazer por vós. Perguntem antes o que podereis fazer pelo País”. É justamente aí que eu quero chegar com este texto.
Porque será que perante uma crise financeira e económica global, alguns países são muito mais afectados que outros? A resposta estará na debilidade de muitos desses países. E quais as razões dessas fraquezas? Em muitos casos é a falta de competitividade das suas economias e o falhanço na aplicação dos respectivos modelos de desenvolvimento. De nada serve um bom plano se for mal executado. A sua aplicabilidade depende muito da conjugação equilibrada de vários factores o que nem sempre se verifica.
No nosso caso, as crises enunciadas afectaram-nos justamente pela debilidade crónica do País. Para isso tem também contribuído uma crise que nos tem vindo a assolar de forma estrutural há já vários anos. É a crise de valores. Remeto o leitor novamente para a afirmação de John F. Kennedy. Portugal é um país democrático cuja democracia não é perfeita por assentar mais numa partidocracia. Provavelmente no futuro os nossos sistemas eleitoral e político virão a ser melhorados para permitir mais e melhores opções. Mas por agora e como se costuma dizer, o País tem aquilo que merece. Os nossos dirigentes são como nós, directa ou indirectamente escolhidos por nós e como tal são um reflexo, quase que por amostragem, da sociedade em que vivemos. E é aqui que entra a crise de valores. Se nada fizermos para melhorar enquanto sociedade dificilmente poderemos almejar melhores lideranças. Continuamos a ver o “chico-espertismo”, a “cunha”, e o compadrio como algo perfeitamente normal e em alguns casos até como exemplos a seguir. Se somos complacentes e coniventes com a corrupção ao elegermos políticos acusados ou até condenados por este crime, é porque de certa forma nos identificamos com isso. Isto começa a ser endémico e não é por acaso que Portugal tem vindo a descer nos índices internacionais sobre a Transparência. Basta observar que há cada vez mais adjudicações por “ajuste directo”. E estas continuam a “derrapar” não porque os custos aumentem mas para permitir a respectiva sobrefacturação. É que assim liberta-se margem para o pagamento de “luvas” ou “gasosas”.
Em 2008 teve início uma crise financeira com origem no problema norte-americano do “sub-prime” que rapidamente se estendeu a todo o sistema financeiro mundial. Este foi contaminado pela “toxicidade” desses activos sobreavaliados. A especulação imobiliária e financeira e a valorização de fundos de investimento através de esquemas Ponzi contribuíram em muito para essa situação. Qualquer crise financeira conduz forçosamente a uma crise económica e esta por sua vez a uma crise social. Quando existe estagnação ou recessão não é possível continuar a responder com prontidão a todas as carências sociais. E isso conduz à desagregação social de um País. Por isso 2011 será um teste à paciência e compreensão de muitos, em especial dos portugueses. Mas é sabido que da adversidade nasce muitas vezes o engenho. Kennedy uma vez afirmou: “Não perguntem o que o País pode fazer por vós. Perguntem antes o que podereis fazer pelo País”. É justamente aí que eu quero chegar com este texto.
Porque será que perante uma crise financeira e económica global, alguns países são muito mais afectados que outros? A resposta estará na debilidade de muitos desses países. E quais as razões dessas fraquezas? Em muitos casos é a falta de competitividade das suas economias e o falhanço na aplicação dos respectivos modelos de desenvolvimento. De nada serve um bom plano se for mal executado. A sua aplicabilidade depende muito da conjugação equilibrada de vários factores o que nem sempre se verifica.
No nosso caso, as crises enunciadas afectaram-nos justamente pela debilidade crónica do País. Para isso tem também contribuído uma crise que nos tem vindo a assolar de forma estrutural há já vários anos. É a crise de valores. Remeto o leitor novamente para a afirmação de John F. Kennedy. Portugal é um país democrático cuja democracia não é perfeita por assentar mais numa partidocracia. Provavelmente no futuro os nossos sistemas eleitoral e político virão a ser melhorados para permitir mais e melhores opções. Mas por agora e como se costuma dizer, o País tem aquilo que merece. Os nossos dirigentes são como nós, directa ou indirectamente escolhidos por nós e como tal são um reflexo, quase que por amostragem, da sociedade em que vivemos. E é aqui que entra a crise de valores. Se nada fizermos para melhorar enquanto sociedade dificilmente poderemos almejar melhores lideranças. Continuamos a ver o “chico-espertismo”, a “cunha”, e o compadrio como algo perfeitamente normal e em alguns casos até como exemplos a seguir. Se somos complacentes e coniventes com a corrupção ao elegermos políticos acusados ou até condenados por este crime, é porque de certa forma nos identificamos com isso. Isto começa a ser endémico e não é por acaso que Portugal tem vindo a descer nos índices internacionais sobre a Transparência. Basta observar que há cada vez mais adjudicações por “ajuste directo”. E estas continuam a “derrapar” não porque os custos aumentem mas para permitir a respectiva sobrefacturação. É que assim liberta-se margem para o pagamento de “luvas” ou “gasosas”.
Nesta crise de valores em que permanentemente vivemos também se inclui o sentimento em que somos campeões mundiais: a inveja! E nada melhor que o seguinte conto para ilustrar a situação:
“Certo dia estava eu de férias numa das Costas Espanholas e ao passar junto a um cais vi algo que me chamou a atenção. Um pescador estava a utilizar como isco uns pequenos caranguejos. Estes estavam colocados em 2 baldes sendo que apenas um deles se encontrava tapado. Intrigado com o que estava a ver, perguntei ao pescador o porquê de assim ser. Respondeu-me que no balde com tampa estavam os caranguejos espanhóis e no balde sem tampa estavam os caranguejos portugueses! Confesso que aí é que fiquei mesmo baralhado. Ele prontamente explicou-me que se tirasse a tampa ao balde onde estavam os caranguejos espanhóis eles rapidamente fugiam. Acrescentou que no balde dos caranguejos portugueses não precisava de se preocupar com isso. Quis logo saber porquê. Respondeu-me que os caranguejos portugueses nunca fugiam porque sempre que um tentava chegar à borda do balde os outros puxavam-no logo para baixo!”
A mudança começa em cada um de nós!
Bravo...(com sotaque francês).
ResponderEliminarExcelente texto. Sucinto e elucidativo.
ResponderEliminarSobre a última frase, percebo o optimismo mas discordo, por duas razões. 1º- Não confio em frases feitas, 2º- No fundo, todos sabemos que a mudança é feita por nós, que todos temos de desempenhar o nosso papel mas todos sentimos que a solução não vai começar em nós. Se te estiveres a referir que o povo é quem escolhe e que cabe ao povo decidir em conformidade com os tais valores que falas e que estão ausentes da sociedade, concordo contigo. O problema é que olhando para a nossa classe política, facilmente se percebe que façamos o que fizermos, o problema de fundo mantém-se, a única coisa que pode mudar é o nome ou o rosto da situação, mas o problema de fundo vai-se manter. Na minha modesta opinião, um dia há-de aparecer alguém diferente, alguém sério, honesto e CAPAZ de devolver os valores perdidos ao povo. Nessa altura sim, estou convicto que o povo português saberá escolher, saberá mudar comportamentos e perceberá que vale a pena faze-lo. O problema é que parece-me que não vai ser para já ... ainda não vai ser desta. Eu arrisco um tema de fundo: Sistema Financeiro. "Chupou-nos" a guita toda até não sobrar nada. O dinheiro deste país já não está cá (na nossa economia), fugiu, evaporou-se, está todinho espalhado num mercado financeiro qualquer. Fugiu das famílias, das empresas e do Estado, fugiu de todo o lado, directa ou indirectamente, através de (maus) investimentos e de (maus) financiamentos. Agora, veio o FMI para trazer 80.000.000.000,00 e ainda lucrar com isso. Mas as contas são fáceis de fazer: Vêm cá para se certificarem que vão recuperar o dinheiro aos nossos credores e ainda ganhar algum, mas quando perceberem que vêm à procura de uma coisa que não existe (guito), aí sim, os nossos problemas vão começar.
Esta é a minha modesta opinião, de quem não percebe nada disto mas que te posso garantir que passei a vida a resolver os meus problemas através da análise aos problemas de fundo (os mais fáceis de perceber e analisar) e não me tenho dado mal com isso. Nunca quis perder muito tempo em analisar os pormenores sem antes perceber e resolver as questões de fundo. Para mim, a questão de fundo é fácil de perceber. Não há guito nem há-de haver. É uma questão muito simples que não se pode ignorar, que não tem solução em tempo útil e para a qual não interessa nada de nada daquilo que sem tem discutido em Portugal. O mal está feito, a bancarrota é uma certeza, tudo o resto é "conversa para boi dormir". Soluções? Talvez hajam (não as conheço), mas não será nada daquilo que se tem falado, isso garanto-te, e muito menos será com as gentes que compõem a nossa (miserável) classe política. Arrisco que o começo não será em cada um de nós, mas deverá passar por alguém diferente, visionário, com ideias completamente diferentes, com muito rigor e muita sorte à mistura. Depois sim, cabe a cada um de nós fazer a diferença pela positiva.
Mais uma vez, parabéns pelo seu texto
Marco